cartão-postal
não foge não.
não foge quando eu te disser que o que tem aqui dentro é grande, quando eu confundir o seu nome com a palavra amor ou quando talvez nada mais fizer sentido e você se encontrar perdida procurando por mim.
não foge não, quando as palavras não forem mais que sussurros baixos ao pé do ouvido ou quando no frio da noite suas pernas procurarem as minhas sem encontrar e você pensar em me ligar.
não foge não, mesmo que o mundo seja estranho e a vida grande demais e as pessoas muitas e você não entenda o motivo de estar dividindo esse mesmo espaço-tempo comigo quando ainda tem um milhão de pessoas por aí.
não pensa em fugir quando, em vez de ponto final, você sentir vontade de colocar mais uma vírgula nesse texto e construir mais um capítulo dessa história.
é claro que você pode ir, se quiser. mas não foge não.
“eu tão isósceles
você ângulo
hipóteses
sobre o meu tesão
teses sínteses
antíteses
vê bem onde pises
pode ser meu coração”
Paulo Leminski